A sabedoria das Fábulas - O cântaro partido
"Numa pequena aldeia situada em pleno deserto, vivia um homem que todas as manhãs ia buscar água a uma fonte que estava a alguns quilómetros de distância da sua casa. Colocava dois grandes cântaros nos extremos de uma grossa barra de madeira e apoiava esta sobre os seus ombros. E assim, com alegria no corpo e um sorriso na alma, empreendia o seu caminho, que era sempre o mesmo.
Depois de caminhar durante uma hora, chegava à fonte e sentava-se para descansar, depois enchia os cântaros e empreendia o seu regresso a casa.
Ambos os cântaros eram parecidos, com apenas uma pequena diferença. Um deles cumpria perfeitamente a sua função, pois mantinha toda a água intacta durante todo o trajeto. Porém o outro, devido a uma pequena "ferida" num dos lados, goteava a água durante todo o caminho, e ao chegar à aldeia a água já estava pela metade.
Este último cântaro, conforme passavam os dias, sentia-se cada vez mais triste, pois sabia que não estava a cumprir a sua missão. Porém, não entendia porque o seu dono não o arrumava, ou simplesmente substituía por outro que estivesse novo e sem buracos. Passaram dias, semanas e meses e este cântaro cada vez se sentia menos útil e mais triste...
Um dia, simplesmente não pode mais suportar aquela situação, e quando o homem o tinha em sua mãos, disse-lhe:
- Sinto-me culpado por fazer-te perder tempo e esforço. Peço-te que me abandones e consigas outro cântaro novo, que seja capaz de servir-te como deve ser.
- Não compreendo porque dizes isso! - disse o homem - Porque pensas que já não és útil?
- É óbvio que não sou útil! Estou partido e perco metade da água pelo caminho. Não sou a ajuda que necessitas!
O homem abraçou o cântaro e disse:
- Não és melhor nem pior, simplesmente és diferente e justamente por isso preciso de ti. - O cântaro não entendia o porquê daquelas palavras, então o homem continuou. - Olha! Vamos fazer uma coisa, durante o caminho de volta observa bem em que lado do caminho crescem as flores."